terça-feira, 28 de outubro de 2014

Coisas nas quais acredito



Acredito no amor de mãe e de pai.
Acredito no amor de tia, tio, avós, primas e primos, não todos, mas existe, em algumas dessas pessoas no seu estado mais puro.
Acredito que há pessoas boas e pessoas más, mas tenho o desejo mais profundo que as primeiras sejam em maior número do que as segundas.
Acredito na gratidão e na falta dela, na amizade pura e naquela que atua por interesse.
Acredito que as notícias existem para me deprimir e não informar. Quero acreditar que nem sempre é assim!
Acredito que a noite deve ser pureza, amor e luminosidade interior, mas por vezes os meus olhos não deixam de pensar.
Acredito nas críticas construtivas, nas opiniões bem-intencionadas.
Acredito nas pessoas que usam a sua posição para rebaixar e humilhar cruelmente o próximo, mas preferia não crer.
Acredito no amor, na amizade, em bons corações e bons atos.
Já senti e sinto o amor, a amizade, bons corações e bons atos, mas depois surge sempre algo que temporariamente destrói a minha confiança nestes sentimentos.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O meu momento incolor



O momento incolor é quando deixas de ser pessoa e passas a ser um empecilho! Na verdade já tive muitos momentos incolores e sempre que desenvolvo algo, julgo que não voltarei a sentir a ausência de cor em mim. Já devia ter aprendido, mas de não sei bem porquê continuo a acreditar.
Passo a ser incolor quando estou a mais, sou chamada para me juntar mas após momentos iniciais passo a ser transparente, não há palavras, gestos, estou ali e quase como uma obrigação é meu puro dever aceitar ser translúcida, não-gente, acessório temporário. Sou o chamado pau-de-cabeleira sem ser para namorados.
A viver nesta incerteza da bondade verifico que sou realmente um espelho dos tempos, descartável, bem, se fosse um telemóvel, androide ou iPhone não correria esse risco… não, ser um instrumento das novas tecnologias também não é fiável, há sempre as evoluções e últimos modelos, por isso ia parar ao mesmo. Talvez seja o meu papel no mundo ser a bengala temporária de alguém.
O meu momento incolor é aquele exato momento em que alguém deixa de precisar de mim e passo a ser algo que passou.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Intolerância à Lactose + Intolerância à maldade = Intolerância à estupidez


Pelos visto tornei-me uma intolerante quando o nosso objetivo de vida visa a melhoria contínua do ser humano. Na verdade, não sei explicar tudo isto, mas julgo que a minha intolerância à lactose está estreitamente ligada à minha intolerância à maldade, e tal como a idade que avança, a lactose é também cada vez mais uma “persona non grata” do meu corpo. 
Aos dezoito anos apercebi-me que era intolerante a produtos feitos à base de leite, nunca tinha dado conta, mas a dado momento o mal-estar após o pequeno-almoço era tanto que deveria haver uma razão, e havia, eu é que nunca tinha ouvido falar em tal coisa, tinha entrado para a faculdade e era uma ingénua. Bem, ao longo dos anos fui suportando esta pequena “pena”, porque considero que um belo copo de leite frio e uma deliciosa fatia de bolo de chocolate são, sem sombras de dúvida, a momento perfeito na vida de qualquer um. E depois existe ainda a mesa de queijos nos casamentos, sábado passado estive a tentar domar essa paixão, a mesa de queijos venceu e quinze minutos mais tarde a minha barriga transformara-se numa bela barriga de grávida, com o vestido apertado lá dei meio pezinho de dança, literalmente dez segundos e meios porque o bebé feito de queijo da serra e brie não permitiu mais do que isso. 
Aos 42 anos descobri que era intolerante à maldade, tudo o que tem como base ingratidão, crueldade, crueza, desumanidade, maldade, malvadez, crueldade etc. e tal. Decifrar este sentimento não é fácil, mas subitamente dei por mim a ganhar umas borbulhas, exprimir gargalhadas súbitas, as tentar controlar a tendência de sarcasticamente declarar o que sinto no Facebook e depois há as borbulhas… A ligeira borbulhagem deve ter origem nas palavras que tanto quero dizer e não posso, não devo! Assim, inesperadamente na minha mente sinto que o ser humano não é todo mau, e claro que não é, nem todos são a Madre Teresa de Calcutá ou Gandhi, pronto, está bem, o Ricky Gervais, mas a maioria deixa muito a desejar à humanidade. Estou um bocado intolerante, eu sei, mas quando vejo a ingratidão e a maldade pura, desculpem lá mas não dá mesmo para ser boazinha a toda a hora. Haja Santa paciência! 
Agora compreende-se certamente a minha mini revolta! Não posso beber leite glacial com uma voluptuosa fatia de bolo de chocolate e depois ainda há a outra parte que nos entristece pois sentimos a ingratidão e solidão na pele. Parece que a história do “recebemos aquilo que damos” é uma real treta, desculpem lá o meu francês.