terça-feira, 14 de abril de 2015

Estranhamente

Estranhamente amanhã é outro dia!
São muitas as frases que utilizamos para ilustrar os nosso pensamentos. Todos nós, ou quase todos nós, temos aquelas frases que são nossas, as pessoas sabem que são tipicamente nossas, fazem parte do nosso ser. Eu gosto muito de advérbios, mais precisamente o advérbio "Estranhamente" e uso esta palavra muitas, muitas vezes.
O advérbio "estranhamente" é quase exclusivamente meu!

"Estranhamente amanhã é outro dia" é a minha adaptação da fala final de Vivien Leigh em "E tudo o vento levou". Curiosamente amanhã é sempre outro dia, não no sentido literal, pois os dias passam de segunda para terça e de terça para quarta e por aí fora. Amanhã é outro dia e o que sentimos hoje no dia seguinte é ligeiramente diferente, nem que seja só um bocadinho. Amanhã é mais suave ou mais intenso, dói mais ou dói menos, nunca é a mesma dor! Amanhã pode já não ser o problema que nunca foi, nós é que tínhamos os olhos e o coração enublados pela tristeza ou pela raiva ou pela dor.

Estranhamente amanhã é outro dia!

 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Bolo

Acabei de ver o filme "Cake" com a Jennifer Aniston, não porque ela é a protagonista do filme mas porque o tema do filme é a dor! As semelhanças com a sua personagem são muito poucas, existe somente a dor e a incompreensão do próximo acerca da nossa dor, uma dor que é física mas não se vê. 

A dor crónica é algo que as pessoas não conseguem entender, nem suportam, irritam-se connosco como se a escolha de sofrermos fosse nossa... até hoje entre sofrer e não sofrer eu escolho não sofrer, não sou idiota, mas, os dias em que não sinto dor são muito poucos. Não me lembro da última vez em que não senti dor! 

E, depois há aquelas observações irritantes de "Mas não tomas nada?" ou "Mas já foste ao médico?" , ou a melhor de todas "Mas não fazes nada contra isso?" como se as pessoas fossem suficientemente estúpidas para preferir sofrer. 

"Sim, eu tenho medicação!"
"Sim, já fui ao médico!"
"Sim, faço muita coisa contra isto! Obrigada pela irritação incomodada que te faço sentir!"

A medicação na maioria das vezes tem o efeito de uma dor menor e não a eliminação dela. O médico demonstra compreensão. Por vezes levo mais tempo a fazer as coisas e preciso de mais descanso... mas é verdade, a escolha da dor é minha, tinha-me esquecido, desculpem lá!

Voltando ao filme, uma das personagens responde à terapeuta sobre o seu sonho, e ela responde "Fazer um bolo desde do início para o meu filho!" Entendo tão bem esta frase, porque já estive sentada na cantina da escola a comer apenas o esparguete porque não conseguia cortar a carne, a fazer a sopa com metade dos legumes porque não conseguia segurar mais a faca, a aspirar somente um quarto, a acordar e não conseguir lavar o rosto porque os meus dedos ainda estão "presos", mas espera, é verdade, a escolha da dor é minha, tinha-me esquecido, desculpem lá!

Fazer um bolo, escrever, pentear-me, segurar o secador, descascar uma batata, às vezes não consigo, mas é verdade, a escolha da dor é minha, tinha-me esquecido, desculpem lá!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sometimes Part II

Às vezes apetecia-me dizer o que penso, dizer o que me vai na alma, o que me faz feliz e o que me deixa triste. 
Às vezes apetecia-me expressar as gotas do meu interior, sugar o oxigénio de dentro de mim, gritar o que vive na minha mente... por vezes doente... outras vezes o que percorre o meu coração... nem sempre e sempre em vão. 
E assim, sem esperar diria o que sinto, mostrar o que me magoa, o que me pisa o espírito. 
Diria o que sinto por saber o que fiz de errado, o que não deveria repetir, assim, simplesmente. 

Às vezes apetecia-me dizer o que penso...