terça-feira, 21 de outubro de 2014

Intolerância à Lactose + Intolerância à maldade = Intolerância à estupidez


Pelos visto tornei-me uma intolerante quando o nosso objetivo de vida visa a melhoria contínua do ser humano. Na verdade, não sei explicar tudo isto, mas julgo que a minha intolerância à lactose está estreitamente ligada à minha intolerância à maldade, e tal como a idade que avança, a lactose é também cada vez mais uma “persona non grata” do meu corpo. 
Aos dezoito anos apercebi-me que era intolerante a produtos feitos à base de leite, nunca tinha dado conta, mas a dado momento o mal-estar após o pequeno-almoço era tanto que deveria haver uma razão, e havia, eu é que nunca tinha ouvido falar em tal coisa, tinha entrado para a faculdade e era uma ingénua. Bem, ao longo dos anos fui suportando esta pequena “pena”, porque considero que um belo copo de leite frio e uma deliciosa fatia de bolo de chocolate são, sem sombras de dúvida, a momento perfeito na vida de qualquer um. E depois existe ainda a mesa de queijos nos casamentos, sábado passado estive a tentar domar essa paixão, a mesa de queijos venceu e quinze minutos mais tarde a minha barriga transformara-se numa bela barriga de grávida, com o vestido apertado lá dei meio pezinho de dança, literalmente dez segundos e meios porque o bebé feito de queijo da serra e brie não permitiu mais do que isso. 
Aos 42 anos descobri que era intolerante à maldade, tudo o que tem como base ingratidão, crueldade, crueza, desumanidade, maldade, malvadez, crueldade etc. e tal. Decifrar este sentimento não é fácil, mas subitamente dei por mim a ganhar umas borbulhas, exprimir gargalhadas súbitas, as tentar controlar a tendência de sarcasticamente declarar o que sinto no Facebook e depois há as borbulhas… A ligeira borbulhagem deve ter origem nas palavras que tanto quero dizer e não posso, não devo! Assim, inesperadamente na minha mente sinto que o ser humano não é todo mau, e claro que não é, nem todos são a Madre Teresa de Calcutá ou Gandhi, pronto, está bem, o Ricky Gervais, mas a maioria deixa muito a desejar à humanidade. Estou um bocado intolerante, eu sei, mas quando vejo a ingratidão e a maldade pura, desculpem lá mas não dá mesmo para ser boazinha a toda a hora. Haja Santa paciência! 
Agora compreende-se certamente a minha mini revolta! Não posso beber leite glacial com uma voluptuosa fatia de bolo de chocolate e depois ainda há a outra parte que nos entristece pois sentimos a ingratidão e solidão na pele. Parece que a história do “recebemos aquilo que damos” é uma real treta, desculpem lá o meu francês.

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